A colunista
política Tereza Cruvinel faz em sua coluna no Portal brasil247 uma análise da
matéria que envolve o nome do ex-presidente Lula e a Polícia Federal numa
provável ouvida sobre a operação lavajato. Ela diz que a matéria da revista
Época, do grupo Marinho (Globo), são puras espumas venenosas. Confira:
Por Tereza Cruvinel
Se
colocados num espremedor de fatos o despacho do delegado federal Josélio Sousa,
pedindo que o ex-presidente Lula seja ouvido no âmbito da operação Lava Jato, e
a matéria do repórter Filipe Coutinho, da revista Época, noticiando a
iniciativa com estardalhaço, não se obterá uma xícara de xarope da verdade. Os
dois ingredientes juntos produzem muita espuma venenosa que, depois da desejada
intoxicação política, será levada pelo ralo. Mas o mal já estará feito, como
sempre acontece nestes jogos entre procuradores, delegados e jornalistas para
garantir manchetes e processos.
“Exclusivo:
Lula é suspeito de ter se beneficiado do petrolão”, disse a manchete de Época.
Se Lula é suspeito, é porque existem indícios, fortes ou não, de que se
beneficiou do esquema de corrupção na Petrobrás, pensará qualquer mortal.
Procuremos então os indícios que sustentaram a iniciativa do delegado em seu
próprio pedido ao STF para que Lula seja ouvido. “Em razão das suspeitas, a
polícia pediu ao STF autorização para tomar depoimento do ex-presidente”,
reforça Época, falando novamente em suspeitas. Mas vamos ao despacho do
delegado tentar saber o que as embasa. Espreme daqui, espreme dali, os indícios
não aparecem. Suas palavras não produzem uma gota de indícios que amparem a
afirmação de que existem “suspeitas”. No direito, suspeita é uma figura
jurídica concreta, para além da mera desconfiança ou presunção.
“Atenta
ao aspecto político dos acontecimentos, a presente investigação não pode se
furtar de trazer à luz da apuração dos fatos a pessoa do então presidente da
República, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA que, na condição de mandatário máximo do
país, pode ter sido beneficiado pela esquema em cursa na PETROBRAS,
obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu
governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de
negócios ilícitos na referida estatal”.
Este
é o texto do delegado, mas ele não diz nada, apenas insinua que Lula pode ter
se beneficiado. Procuremos mais. O delegado pondera que os colaboradores
Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa apenas “presumiram” que o ex-presidente
poderia conhecer o esquema, por sua magnitude, não dispondo eles, porém, de
qualquer prova ou evidência. Por isso, Lula precisa ser ouvido.
O
que busca então o delegado? Apenas empurrar Lula para dentro da Lava Jato, e já
preparando o caminho para a aplicação da teoria do domínio do fato.
Resumidamente, o que ele diz e Época reverbera é: Ainda que Lula não soubesse,
como presidente ele devia saber do que se passava, e portanto, deve ser
culpado. Aguardemos
o juízo que disso fará o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
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