A
presidente Dilma Rousseff classificou nesta segunda-feira (6), como “golpista”
a pregação por sua saída do governo e disse que defenderá “com unhas e dentes”
o mandato para o qual foi eleita. Um dia depois da convenção do PSDB, na qual
tucanos apostaram em novas eleições antes de 2018, Dilma orientou ministros,
presidentes de partidos, deputados e senadores da base aliada a afastarem com
vigor a articulação de adversários pelo impeachment, carimbando a iniciativa
como “golpe”.
“As
pessoas que estão fazendo delação premiada vão ter de provar o que estão
falando”, disse Dilma em conversas reservadas. Foi uma referência a depoimentos
de empreiteiros que, presos pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal,
disseram ter dado dinheiro desviado da Petrobrás para o PT e para as campanhas
de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Vou defender o meu
mandato com unhas e dentes. Nada ficará sem resposta.”
Indignada
com o movimento que começou a ganhar corpo com o agravamento da crise política,
Dilma chamou uma reunião de emergência no Palácio da Alvorada, à noite, com o
Conselho Político do governo, formado por presidentes e líderes de partidos da
base na Câmara e no Senado. Não foi só: convocou os ministros Nelson Barbosa
(Planejamento) e Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) para explicar aos
aliados, “ponto por ponto”, a manobra orçamentária que ficou conhecida como
“pedalada fiscal”.
“Todos
nós achamos que (o impeachment) é algo impensável para o momento atual”,
afirmou o vice-presidente Michel Temer, que comanda o PMDB e é articulador
político do Palácio do Planalto. “Eu vejo essa pregação com muita preocupação.
Nós não podemos ter a essa altura, no momento em que o País tem grande
repercussão internacional, uma tese dessa natureza sendo patrocinada por
diversos setores.”
Temer
disse desconhecer que setores do PMDB estejam namorando o PSDB, com o objetivo
de sondar os tucanos para um possível apoio ao governo caso Dilma seja obrigada
a se afastar. “A presidente está tranquila. Podemos ter uma pequena crise
política, dificuldades econômicas, mas o que não se quer é uma crise
institucional”, afirmou o vice-presidente. “Levar adiante uma ideia de
impedimento da presidente da República poderia revelar uma crise institucional,
que é indesejável para o País.”
Antes
de entrar para a reunião com o Conselho Político, no Alvorada, o ministro
Nelson Barbosa disse que não houve ilegalidade no episódio sob análise do TCU.
“Todas as operações que foram feitas estão de acordo com a lei e já foram
objeto até de aprovação pelo TCU em exercícios anteriores”, insistiu Barbosa.
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