O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista à Globo News
exibida nesta quarta-feira (18) que uma reforma política no Brasil não sairá do
Congresso, mas sim de uma Assembleia Constituinte exclusiva.
"A
reforma política não sairá se a gente ficar dependendo do Congresso. Vou dizer
em alto e bom som: só haverá reforma política se houver uma Constituinte
exclusiva para isso. Se for feita dentro do Congresso, todos, sem
distinção, vão legislar em causa própria."
Lula
comentou o assunto logo depois de ser questionado sobre o envolvimento de
políticos do PT no Mensalão e nos crimes investigados na Operação Lava Jato.
Para o ex-presidente, a descoberta dos crimes na Petrobras foi "um
susto". Apesar disso, segundo ele, "quem investe na Petrobras só
tem a ganhar."
"A
investigação [da Lava Jato] está fazendo com que o país sonhe que um dia
este país será mais sério. O país está preparado para isso, doa a quem
doer", afirmou.
O
ex-presidente ainda afirmou que o dinheiro que abastece os cofres de PT e PSDB
vem das "mesmas empresas, do mesmo cofre, da mesma renda."
Lula
também defendeu que seu filho Luís Cláudio, investigado pela Polícia Federal na operação Zelotes,
tenha que provar "que fez a coisa certa."
"É
chato? É. Mas é bom", disse o ex-presidente. "O que eu acho
grave é que o mesmo critério adotado comigo não é adotado com os
outros."
Ao
falar do governo da presidente Dilma Rousseff, Lula evitou declarações que
sugerissem ingerência sua na atual gestão. Aos rumores de que apoia a
substituição do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por Henrique Meirelles,
ex-presidente do Banco Central, respondeu que Levy "é um problema da
presidente". Além disso, ironizou sua suposta influência nos rumos do
atual mandato.
"Todo
mundo sabe [que eu dou palpite], menos a Dilma e eu. Se ela pedir opinião para
mim, eu darei. Não quero ficar dizendo o que ela tem que fazer. É direito dela
fazer as coisas como ela tem que fazer."
Lula
voltou a defender o ajuste fiscal e admitiu que o governo Dilma cometeu erros,
como a concessão de desonerações para evitar demissões nas empresas, mas
evitou culpar a presidente pela demora na aprovação das medidas de
austeridade pelo Congresso.
"A
Dilma percebeu que tava saindo mais água da caixa do que entrando. E teve que
fazer um ajuste", disse. "Responsabilidade fiscal não é mérito. É
obrigação. A Dilma está correta de fazer o ajuste. O que está errado é que está
demorando demais. E não é culpa dela."
Lula
também demonstrou convicção de que Dilma chegará ao fim de seu segundo mandato.
"Até porque qualquer coisa que impeça ela de chegar ao final do
mandato será pisotear a Constituição", declarou.
Segundo
o ex-presidente, um eventual diálogo entre lideranças políticas da situação e
da oposição tem que partir, "obviamente", do próprio
governo. "Se tiver assunto para conversar, podemos nos
encontrar", afirmou. Questionado sobre um possível retorno como
candidato à Presidência nas eleições de 2018, Lula disse esperar "que
o Brasil evolua tanto" a ponto de sua volta não ser necessária. Do uol.